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Não queremos flores


Amanhã, dia 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher. Não será um dia de festa, nem de comemoração. Amanhã é dia de luta, dia de brigar pelos nossos direitos e mostrar insatisfação. Não queremos flores, nem chocolate, nem descontos e homenagens. Queremos ser respeitadas todos os dias do ano. Queremos não ter medo de ser mulher. Queremos igualdade em casa e no trabalho. Queremos que os homens paguem as pensões e cuidem dos filhos. Queremos liberdade sexual. Queremos compartilhar as responsabilidades. Queremos menos cobranças. Queremos segurança. Queremos ocupar todos os lugares. Queremos justiça. Queremos viver.

O feminismo é necessário. O feminismo salva e liberta vidas. O feminismo dá voz para a mulher silenciada. O feminismo nos aproxima. Por isso, nós, mulheres que já entendemos a mensagem, precisamos compartilhar o conhecimento e explicar o feminismo para outras mulheres. Precisamos desconstruir conceitos e levar informação para as mulheres que estão fora da internet. Precisamos ter força mesmo sabendo que uma de nós é morta mais de uma vez durante as 24 horas do dia. Precisamos combater o machismo, o feminicídio, a exploração e a violência de gênero no nosso dia a dia.

O que você tem feito por um mundo melhor para nós? Você vai continuar julgando outras mulheres e caindo no conto de que devemos competir entre nós enquanto o homem aproveita os privilégios da vida por ter nascido homem? Você vai continuar se odiando e carregando sozinha todo o peso do mundo? Vai continuar achando que as feministas são radicais? É 2019, você ainda vai negar o feminismo?

Mulher, somos nós por nós no mundo. Precisamos cada vez mais apoiar os projetos de outras mulheres, escutar outras mulheres, respeitar outras mulheres, valorizar mulheres, elogiar mulheres, empoderar mulheres, contratar mulheres, ler mulheres, resgatar mulheres, premiar mulheres e acreditar em mulheres.

Por mais difícil que seja, não se cale. Questione, argumente e levante a voz se for necessário. Não podemos mais ser submissas, não podemos mais assumir culpas que não são nossas, não podemos mais aceitar as coisas que dizem que são de homens e nem as que dizem que são de mulheres. Lá atrás, alguém lutou muito para que você aí que está lendo tivesse o direito de ter acesso à informação e também para que eu esteja aqui escrevendo. Então, reconheça, agradeça e retribua.

Se você é mulher e hoje pode ler o livro que quer, agradeça às feministas.

Se você é mulher e tem acesso a métodos anticoncepcionais, agradeça às feministas.

Se você é mulher e pode votar, agradeça às feministas.

Se você é mulher e pode amamentar em público, agradeça às feministas.

Se você é mulher e pode estudar, agradeça às feministas.

Se você é mulher e pode usar biquíni, agradeça às feministas.

Conquistamos muitas coisas nos últimos anos, mas a lista de coisas a serem conquistadas ainda é grande. Muito grande. Vamos juntas? Vai no seu ritmo, aos poucos, no seu ambiente, no seu dia a dia, mas vai. Você é forte e pode qualquer coisa. Apenas confie em você e vai. Vamos!

Termino citando Nelly Stromquist, que define muito bem tudo que envolve o empoderamento.

“O empoderamento consiste de quatro dimensões, cada uma igualmente importante mas não suficiente por si própria para levar as mulheres para atuarem em seu próprio benefício. São elas a dimensão cognitiva (visão crítica da realidade), psicológica (sentimento de autoestima), política (consciência das desigualdades de poder e a capacidade de se organizar e se mobilizar) e a econômica (capacidade de gerar renda independente)."

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