Fecho os olhos agora e me vejo vestida de branco na virada de algum ano, totalmente frustrada por não ter alcançado os meus desejos do ano anterior. Não bastasse a culpa pela não realização, estou repetindo as mesmas metas para o ano que estava para chegar. Metas que eu achava que precisava para ser feliz.
Lembrando da adolescência, vejo como os padrões fizeram eu me odiar por tanto tempo e como isso bagunçou até minhas metas de Ano Novo. Passei anos e anos pulando as sete ondas e implorando para conseguir emagrecer no próximo ano. Outro pedido recorrente era o de ter um relacionamento. Não precisava nem ser sério, só um casinho mesmo, coisa que eu achava que não tinha por causa do meu corpo.
Agora vejo que passar anos e anos repetindo as mesmas metas e com um sentimento horrível de culpa por não ter alcançado significa apenas uma coisa: eu não precisava disso para ser feliz. Isso eu entendo hoje, mas sei que não é fácil nadar contra a maré, demoraram anos para eu desconstruir a necessidade do emagrecimento e ainda sigo desconstruindo. A correnteza é forte, não é fácil se manter firme e questionar. Todo mundo está falando que o correto é ser magro e essa se torna a verdade absoluta. Leva tempo reconhecer que não é e que está tudo bem com o seu corpo.
Eu recebi agora em dezembro uma pesquisa* que mostra que o termo mais procurado pelos brasileiros na internet em 2018 foi "emagrecer" e em segundo lugar foi "viajar". Ou seja, as pessoas estão mais preocupadas com perder peso do que com viajar, que para mim é sinônimo de felicidade. Vocês acham que está certo isso? Eu não acho.
Não me venham falar em saúde, porque a gente sabe que a preocupação aqui é estética. É simplesmente caber nos padrões e ter o corpo que falam por aí que é o ideal para o Verão. Ninguém está realmente preocupado se você está ferrando com a sua saúde mental. Ou se você não tem acesso ao atendimento médico. A verdade é que ninguém se importa, eles só querem ter um motivo para julgar.
Por experiência própria eu digo, querer caber em padrões que não são nossos e se odiar ao olhar no espelho ocupam muito espaço. Tanto espaço que a gente deixa de lado o que pode nos fazer realmente feliz.
Pensando nas minhas metas para o próximo ano me dei conta de como estou bem comigo. Amém!!! Quando estamos bem conseguimos seguir em frente e priorizamos os nossos desejos. Afinal, o que é mais importante do que querer o nosso próprio bem-estar? Coisas que eu quero para 2019: me reencontrar profissionalmente, uma vida de casada saudável e feliz (sim, eu vou casar!!!), momentos especiais com a família e os amigos, viajar sozinha, fazer um curso, aprender outro idioma, ler mais, cuidar da minha saúde física e mental e aprender a poupar dinheiro. Ah, e deixar de fumar também… A última já em prática nas últimas semanas (#barra).
Para o próximo ano, deseje aquilo que te faz sorrir e o resto vem. Invista em um curso, procure um novo trabalho se você não está feliz, leia aquele livro que você guardou para quando tivesse tempo, busque independência financeira, cuide da sua saúde, tenha um dia especial com alguém da sua família, encontre as suas amigas, tome coragem para pedir ajuda, compre aquela roupa que você sempre quis usar, assista de novo aquele filme que você adora, caminhe no parque ou na praia, coloque em prática aquele projeto antigo ou vá no show dos seus sonhos. Faça algo por você.
Comece o ano colocando a sua felicidade em primeiro lugar
Uma pergunta que eu repito sempre, me ajuda bastante e serve para diferentes situações é: "isso é por mim ou pelos outros?" Chega a ser ridículo como, sem perceber, priorizamos tanto a opinião dos outros. Então, a meta para 2019 é não deixar nada na frente da sua felicidade. Você é a pessoa mais importante da sua vida, lembra?
Claro que eu acho maravilhoso se você quiser adotar hábitos mais saudáveis no próximo ano, até recomendo. Só não transforme isso em desculpa para odiar o corpo gordo. Nem todo mundo quer/precisa emagrecer e tudo bem.
* Pesquisa realizada pela empresa de marketing digital SEMRush.